quarta-feira, 21 de março de 2012

[Artigos] Omayra Sanchez

Na última semana o enfoque  que tive foi a fotografia. Algo que nos últimos anos se tornou 'primordial' ao analisarmos qualquer site, seja este jornalístico, humorístico, sobre receitas culinárias. Enfim, nesse globo a primeira percepção é a visual. Então, analisando sites, fotos, histórias, encontrei o caso Omayra Sanchez, ao qual decidi publicá-lo.

Omayra foi uma menina de 13 anos, vítima do deslizamento causado pela erupção do vulcão Nevado del Ruiz, na Colômbia em 1985. Ela ficou presa por três dias entre o lodo e restos de sua própria casa. E desse pequeno trecho nasce uma história, alguns livros contém o drama da colombiana, principalmente o que estão classificados como, fotografia. Vale a pena. Abaixo segue a declaração do fotografo Frank Fournier e a imagem que tanto marcou a sociedade como deu novos rumos à globalização.



Eu cheguei ao vilarejo de Ameroyo de madrugada, cerca de três dias depois da explosão. Havia muita confusão, as pessoas estavam em choque e precisando desesperadamente de ajuda. Muitos estavam presos em entulhos. Encontrei um fazendeiro que me contou dessa menininha que precisava de ajuda. Ele me levou até ela, ela estava praticamente sozinha, havia apenas algumas pessoas em volta e alguns funcionários de resgate ajudando outra pessoa perto dali. Ela estava num grande lamaçal, presa da cintura para baixo por concreto e outros restos das casas que haviam desabado. Ela estava ali por quase três dias. Começava a amanhecer e a pobre menina estava sentindo dores e muito confusa. 
     Em toda parte, centenas de pessoas estavam presas. Os funcionários de resgate tinham dificuldade em chegar até as vítimas. Eu conseguia ouvir as pessoas gritando por ajuda e depois silêncio, um silêncio sinistro. Era muito assustador. Havia alguns helicópteros, alguns que haviam sido emprestados por uma companhia de petróleo, tentando ajudar as pessoas. E daí tinha essa menininha e as pessoas não tinham poder para ajudá-la. Os funcionários de resgate voltavam para falar com ela, fazendeiros locais e algumas pessoas que tinham algum tipo de ajuda médica. Eles tentavam confortá-la. Quando eu tirei as fotos eu me senti completamente impotente na frente dessa menininha, que estava enfrentando a morte com coragem e dignidade. Ela podia sentir que a vida dela estava indo embora. Eu achei que a única coisa que eu podia fazer era retratar adequadamente a coragem, o sofrimento e a dignidade dessa menininha e esperar que isso mobilizaria as pessoas a ajudar aqueles que haviam sido resgatados e salvos. 
Eu senti que eu tinha que retratar o que essa menininha teve que passar. A essa altura, Omayra já perdia a consciência, às vezes recobrando-a. Ela até me perguntou se eu podia levá-la para a escola porque ela estava preocupada que chegaria atrasada. 

1 comentários:

Vinícius Gama de Farias disse...

Triste, indeed. É pena que muitas pessoas só enxergam um lado da história; onde o fotógrafo "só quer saber de prêmios e não faz nada pela menina". Uma pequena ação como essa pode causar efeitos colossais.

 

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