Autor: Rocco Contestti
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"Nossas dúvidas são traidoras e nos
fazem perder o que, com freqüência, poderíamos ganhar, por simples medo de
arriscar." (William Shakespeare)
No
dia seguinte, foram para casa de Getulius, o psicólogo os convidara. Rudolph
mostrou o último recado que receberam.
–
Misterioso! – disse o velho. – Mas como? Para ter seqüestrado essa professora,
só pode ter sido um funcionário da escola.
–
Acreditamos que não é o Karl, senhor. Fomos a tal rua, lá morava a mãe dele. –
Lucy explicou.
–
Mas isso não prova nada! – afirmou Joseph.
–
Se foi mesmo um funcionário, então descartamos o senhor Kleber Gross, mas mesmo
assim, devem vigiá-lo.
–
Ou pode ser o novo faxineiro, Khristian Groeff, ele tem acesso a todas as
postas e portões da escola e olha feio pra mim. – falou Bianca.
–
Atentem para as ações dele também, vou ver o que posso fazer. – disse Getulius.
– Só mais uma coisa: Qual a posição da polícia? Sabem me dizer?
–
Quanto ao assassinato de meu pai, eles pensam que prenderam as pessoas certas.
– lembrou Rudolph.
–
E aos seqüestros, não comentam nada. – completou Bianca.
–
Por que vocês não comunicam tudo que sabemos para eles? – Lucy perguntou
tentando mostrar uma solução.
–
Não podemos. – Bianca falou cabisbaixa.
–
Temos medo que K.G. faça algo com nossas mães e as professoras Lisa e Sophia,
que ele faça algo muito pior do que já fez. – Rudolph completou.
Saindo
da mansão, Rudolph comentou.
–
Amanhã irei visitar o túmulo de meu pai.
–
Irei com você. – Lucy se ofereceu.
–
Eu tamb... – Joseph foi interrompido.
–
Você vai para outro canto, com outra pessoa.
...
Enquanto
Rudolph e Lucy visitavam o túmulo de Jack, o falecido pai do garoto, Bianca e
Joseph passeavam pelo shopping e assistiram a um filme.
...
E
finalmente as Olimpíadas Escolares Estaduais chegam ao final. As decisões
saíram meio empatadas. Cada escola conseguiu no máximo duas medalhas de
ouro. A Toronto School conseguiu
somente uma, conquistada na natação, por Toby. No vôlei, a escola ficou com a
prata, ou seja, James não estava no lugar certo.
...
As
férias estavam se aproximando e assa era ultima semana, que de fato era só de
provas. O grupo de teatro precisava ensaiar o quanto antes, mas não tinha
professor disponível para assumir. Rudolph decidiu falar com o diretor Karl
Gaulle sobre o assunto. O garoto queria assumir o grupo de teatro. E Karl o deu
uma chance. Deixou livre para que ensaiassem durante as férias.
...
Ainda
faltando um dia de prova, Bianca e os amigos decidiram fazer uma visitinha ao
velho Kennedy Golben – Getulius para eles, ainda.
–
Descobri umas coisinhas sobre o novo faxineiro de sua escola. – falou o
psicólogo. – Ele é ex-presidiário.
–
Mas por que ele está lá na escola? Como deixam um criminoso trabalhar numa
escola? – Lucy comentou indignada.
–
É um projeto do governo, Lucy. Estão dando uma nova chance para
ex-presidiários.
–
Mas o que ele fez para ser preso?
–
Vou tentar saber e quando descobrir os informo.
–
Tutto benne! – falou Joseph em italiano, pois estava pensado na sua família.
–
Primo, por que falou em italiano? – perguntou Lucy.
–
Impulsivo.
–
Vamos conversar ali. – foram para longe do resto.
–
Sei matto? – Lucy.
–
No. Ma tu parli, tu sai parlare italiano? – Joseph admirado.
–
Sì, lo so, ma questo non è importante. Bianca sta sospettosa. Non parli
mai in italiano vicino a lei. Hai
capito? – falou Lucy dando uma tapa de leve na testa do seu primo.
–
Sì, scusa.
–
Vamos. – voltaram.
–
O que foi amor? O que conversavam? – Bianca perguntou.
–
Nada importante, minha vida. Agora me abrace.
...
Férias!
Fizeram boas provas a pesar dos problemas que enfrentaram.
E
chega finalmente o último dia de Joseph em Toronto. E este dia ele quis passar
ao lado de Bianca. Combinara com a namorada para acordarem cedo e passaram o
dia fora.
Foram
a uma cafeteria para tomar o café da manhã. Depois caminharam no bosque, onde
se beijaram pela primeira vez, sob a fraca luz do sol. Passaram numa loja de
pelúcias, almoçaram num restaurante ali perto... Passearam até a noite chagar e
na volta Bianca comentou:
–
Devíamos fazer isso mais vezes.
–
É, mas futuramente.
–
Como assim? – Bianca sorriu com cara de dúvida.
–
Só depois. Não amanhã, nem semana que vem... Eh! Só futuramente. – Joseph
respondeu nervoso.
–
Hm... Acho que gastou muito comigo hoje.
–
Não tem problema. O importante é que foi com você que sai, que me diverti, pois
é você quem amo.
–
Mas por quê? – Bianca nervosamente curiosa – Por que tudo em um só dia?
–
Porque eu te amo e nada mais.
–
Não. Você mente pra mim. Não tenha medo de me magoar. Eu te amo, vou entender.
– É
que...
–
Fale.
–...
Amanhã volto para Itália, vou passar as férias com minha família. Me perdoa? –
Joseph deixou cair uma lágrima...
–
Tudo bem, meu amor. –... E Bianca enxugou. – Eu entendo. – lacrimejava. – Sua família
precisa te ver, sei que voltará, mas vai ser tão doloroso.
–
Pra mim também. Io te amo tanto, tu non sai quanto. Vou sentir tanta saudade.
–
Eu já estou sentindo sua falta. É como se formasse um grande buraco no meu
peito. Como se eu tivesse morrido, como se minha alma vagasse sem rumo, sem
você.
Ficaram
abraçados por um bom tempo. Um abraço quente, confortável e ao mesmo tempo
perfurante.
...
No
dia seguinte, todos foram deixar Joseph ao aeroporto.
–
Se cuida cara. Vê se volta. – Rudolph falou.
–
Priminho querido, foi tão bom te conhecer pessoalmente.
–
Calma prima, eu voltarei. – disse Rudolph rindo. – Venha comigo! – soou mais
como uma pergunta.
–
Eu... Eu não posso. Bianca e Rudolph precisam de mim. – Lucy respondeu. E a
moça do aeroporto dava o último aviso da partida do avião para Itália.
–
Tchau meu amor, desculpas! Tenho que ir. – Joseph beija rapidamente a testa de
Bianca e corre. Ela o seguiu até onde pode e gritou:
–
Não vá meu amor. – chorando e ajoelhando-se. – Lucy e Rudolph a seguiram.
Voltaram
para suas casas.
...
Bianca
ficou muito triste depois que Joseph foi para Itália, mesmo sabendo que ele
voltaria.
Ficou
mais difícil pegar K.G., pois o grupo ficou menor, e Bianca já não queria papo
com ninguém, mal se mexia, nem sai de seu quarto.
Passaram rapidamente duas semanas que para
Bianca foram lentas e sofridas. Dias e noites sem eu amado. Seu grande coração
estava sendo corroído pela saudade. Ela não fazia mais nada, não saia com os
amigos, não saia de casa. Olhos escuros, cabelos despenteados, melancolia... os
amigos até tentaram visitá-la, mas ela não permitiu sua entrada no prédio, não
queria os ver.
E
também nessas duas semanas nada K.G., perece que decidiu tirar férias.
Numa
noite, numa noite que parecia simples para Rudolph, aconteceu que Lucy
beijou-o, mas foi rápido. Estavam sentados na calçada em frente a suas casas
fazendo exatamente nada.
–
Rudolph.
–
Quê? – ele virou e ela avançou beijando-o.
–
Este é nosso segredo, ta? Não se preocupe, sei que não gosta de mim, é que sei
lá...
–
Tudo bem! Já que somos amigos, eu guardo este segredo. – abraçou-a ficaram sentados, somente observando a noite.
...
Joseph
falava com seu irmão – Luigi, mais novo dois anos e também estava aprendendo o
idioma de sua mãe – no seu quarto.
–
Luigi, não fale nada para nossos pais sobre o vou te contar.
–
Ok, parla subito.
–
Estou namorando. Namorando uma bela e inteligente garota.
–
Hm... Ela deve está molto triste com la sua partida.
–
É verdade, eu também estou muito triste. Não sei o que faço sem ela ao meu
lado. Ainda bem que tenho o melhor irmão do mundo.
–
Grazie. Tu anche sei Il meglio fratelo
del mondo. – Luigi falou sorrindo e abraçando seu irmão mais velho.
A
mãe deles, Anne Avosani, bate a posta chamando-os para tomar o café da manhã.
Quando
todos já estavam sentados à mesa, Andrea, pai dos meninos, falou:
–
Figlio, ti ha piacciuto studiare lì?
–
Si, padre. Là è molto buono. – Joseph
respondeu. – Ho conosciuto molti amici e la
mia prima, Lucy, è un tantto legale.
– Che
buon!
–
Pelo visto, já está falando melhor a língua da mamãe, não é? – Anne comentou.
–
Sim mãe, estou falando muito melhor.
...
De
manhã cedo, Lucy recebeu as correspondências e entre elas tinha uma carta de
Joseph. A garota correu eufórica para o
quarto de Rudolph, que ainda dormia, para
lerem juntos.
“Olá Lucy e Rudolph, vocês não
sabem o tamanho da saudade que estou sentindo. Estou bem e espero que estejam
também. Bom, estou muito feliz com família, mas seria ainda melhor se Bianca
estivesse aqui. O outro papel que está nesse envelope é para ela. Não mandei
direto para lá, porque o pai dela ainda não sabe da gente. Por favor, não se
esqueçam de entregá-la e me respondam.
Abraços,
Joseph Avosani.”
– Ok!
Bianca, ai vamos nós, mesmo contra sua vontade. – disse Lucy e Rudolph apenas a
seguiu.
Chegaram
à portaria do condomínio que a garota morava:
–
Moço, avisa para Bianca que queremos subir. – Lucy dirigiu-se ao porteiro.
–
É a filha do senhor Ben, não é?
–
É sim!
–
Aguarde um pouco.
Passados
alguns minutos...
–
Ela disse que não quer visitas. Sinto muito.
–
Hm... Ok! Rudolph vem cá, tenho um plano.
–
Quê? Lucy, você é louca.
–
Fica ali perto da porta. Eu vou fingir que machuquei meu pé, você aproveita e
entra. – Lucy cochichou. – Ai! Quebrei meu pé, socorro! Seu porteiro me ajuda!
– ela gritava. O homem desceu e Rudolph entrou como haviam planejado.
...
O
menino tocou a campainha e bateu a porta do apartamento de Bianca, que não
aguardava ninguém além de seu pai, que não bateria a porta de sua própria casa.
Ela resolveu ver que era. Abriu:
–
Rudolph! O que faz aqui? Como entrou: - lançou várias perguntas.
–
Bianca! Você está...
–
Estou o quê? Diga!
–
Você está magra e pálida! Está tudo bem?
–
Hm... Está sim! – respondeu cabisbaixa. Mentiu.
–
Desculpa! Eu não vim aqui pra isso. Vim te entregar uma carta de Joseph. –
falou entregando-a.
–
Obrigado meu amigo! – abraçou-o chorando. – desculpa por esquecer vocês.
Esqueci o que é ter amigos.
–
Tudo bem! – falou enquanto soltavam-se.
–
Agora quero saber como entrou aqui.
–
Nenhuma novidade. Lucy tá fingindo ter quebrado o pé. Tchau! Fica bem!
...
“Amar-te! Sempre te amarei.
Querer-te! Te quero sempre ao meu lado.
Beijas-te, é o que mais quero.
Tocar-te, é um sonho que mata.
A distância é o nosso pior inimigo. Mas nem
ela irá impedir meu amor por você.
Amar, já te amo.
Querer, já te tenho.
Beijar, irá matar minha sede de você, de
amor.
Logo estarei ai!”
Joseph Avosani
–
Meu amor, por que não volta logo? Não aguento mais. A saudade está acabando
comigo. Volte logo! - beijou a carta.
Joseph
não voltava e K.G. passou três semanas sem cometer ao menos um crime ou mandar
recados. Será que desistiu de seus planos criminosos?
...
Férias
chegando ao fim. Bianca acordou cedo e percebeu que estava perto da volta de
Joseph. A garota se alegrou e decidiu fazer uma visitinha aos seus amigos, mas
chegando a casa dos Petry, foi avisada que não estavam.
–
Karl Gaulle é sim inocente. K.G. nos vigia 24 horas, Karl trabalha o dia todo
na escola. – argumentou Lucy.
–
Ou não!
–
Por que não?
–
Não devemos nos convencer com tão pouco. Devemos procurar por mais.
–
É verdade!
Silêncio.
–
Quem disse isso? – Getulius perguntou.
–
Essa voz é da Bianca. Rudolph reconheceu.
–
É! Sou eu mesma! Estou de volta!
–
Amiga. – Lucy gritou pulando em cima dela.
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