domingo, 2 de setembro de 2012

Only Friendship - Capítulo 9 – Medo


Autor: Rocco Contestti
Índice  


"Só erra quem produz. Mas, só produz quem não tem medo de errar."
(Autor desconhecido)

I
K.G. mais uma vez faz uso de seus recados divididos. E para demorarem mais as investigações, tinha uma parte com James. O problema era que James nem falava mais com os outros, a única maneira era indo até ele, e Rudolph o fez:
– James, nós queríamos, ou melhor, queremos sua parte do recado de K.G. – Rudolph disse. – Já que você não que mais nos ajudar. – James tinha a resposta na posta da língua, mas preferiu só entregar.
 – Tá aqui! – tirou do bolso da sua calça e entregou e Rudolph saiu.
James entregou porque tinha a frase inteira e ainda tinha outro recado só pra ele.

“Quero sua resposta hoje, vá à praça à noite. Não me procure, eu vou te encontrar.”

K.G.

Enquanto James lia o que lhe interessava, os outros juntaram os recados e leram:

“Vão à ponte que dá para o outro lado da cidade. Vocês saberão o que fazer.”
K.G.

Ambos esperaram anoitecer. James foi à praça, encostou sua bicicleta no banco que sentou e aguardou K.G., que não demorou muito. O homem estava de máscara. Sentou-se e perguntou:
– Sim ou não?
James demorou, tinha medo de responder, mas pensou bem no que estava fazendo e no que poderia acontecer.
– Sim!  - o menino respondeu convicto de que era a melhor escolha.
– Agora preciso ir. Tenho coisas a fazer. – K.G. saiu.
James continuou sentado ali por alguns minutos, quando avistou Lucy e seus amigos passando nas suas bicicletas, indo em direção da ponte indicada por K.G.. O menino lembrou o que tinha no outro recado e decidiu segui-los sem que o percebam.
...
Os quatro chegaram ao início da tal ponte e facilmente viram um lenço preto, lógico que era coisa de K.G.
“Avisei que os ataques continuariam e falei que Jack Vogt havia roubado algo meu e neste mesmo momento estou tomando-o de volta.”

K.G.

Ficaram pensando e tentado decifrar o que queria dizer aquilo que leram.
– Minha mãe! – Rudolph falou deixando cair uma lágrima.
– O quê? – Lucy e Bianca não entenderam o que escutaram.
– Vamos rápido! Ele vai atacar minha mãe. – o garoto pegou sua bicicleta e pedalou apressadamente. Os seus amigos se olharam e o seguiram, enquanto James estava escondido e ouvindo tudo. Resolveu segui-los novamente.
...
Quando chegaram à casa de Susan era tarde demais, K.G. já havia passado por ali. Um dos vizinhos escutou um barulho de vidro quebrando e resolveu chamar a polícia, que não deixava ninguém entrar.
Nos olhos de Rudolph estavam molhados, mas neles só se via raiva. Para ele não existia nada a sua frente, correu desesperado e apressadamente na direção da porta da sua casa, enquanto um policial gritava:
– Ei garoto, não entrar ai.
– É claro que pode, ele é o filho da vítima! – disse Lucy pisando o pé do homem que havia gritado. – Vamos entrar também! – A garota deu a idéia e correram para dentro da casa.
Próximo dali, estava James assistindo a tudo e percebendo no que estava se metendo ajudando K.G.
Quando encontraram Rudolph, o garoto estava no chão do quarto de sua mãe, chorando, agarrando uma fotografia de sua família e apontando para janela que estava quebrada, sinal de que realmente K.G. passara por ali.
...
Naquela mesma noite Rudolph estava derrotado. Aquela angústia que surgiu depois da morte de seu pai estava indo embora, mas agora só fazia aumentar. Lucy achou melhor convidá-lo para dormir na sua casa, Ivo o acolheu como se fosse seu filho.
II

Sábado. Joseph saíra com Ivo e Rudolph estava naquela árvore, sentado e encostando, olhando sua casa, mas não chorava, na verdade estava com mais raiva e mais determinado a pegar K.G. e pô-lo no xadrez. Lucy o observava, mas preferiu deixá-lo só, precisava controlar-se.
...
Joseph já estava em casa quando Bianca chegou para passar o dia com os amigos. Queriam mesmo era conversar sobre K.G., mas perceberam que não era o lugar ideal, pois Ivo poderia ouvir tudo, decidiram fazer uma visitinha a Getulius – Kennedy.
...
– Acho que entendi quando K.G. diz que meu pai roubou algo dele, ele se referia a minha mãe. Então ele gostou ou gosta dela. – tentou explicar Rudolph.
– E quanto a minha mãe e a professora Lisa? – Bianca o questionou.
– Boa pergunta! – Rudolph fez cara de dúvida.
– Vai ver ele gostou de todas essas mulheres seqüestradas – disse Getulius. – Mas é bem estranho não acham?
– É estranho, mas é possível.
– Mas por que ele matou meu pai? – Rudolph perguntou e todos ficaram em silêncio naquela gigantesca sala.
Depois de certo tempo em silêncio, Getulius indicou o que deveriam fazer:
– Enfim! Vocês precisam seguir o professor Karl novamente e saber por que ele anda numa rua tão estranha. E entrem na casa de Rudolph, como na de Bianca, lá deve ter alguma pista deixada por K.G.
...
– Olá meus amores! O que acharam da nova companhia? – K.G. perguntou a Lisa e Bety referindo-se a Susan.
– Covarde, mostre seu rosto! – Susan falou cuspindo-o.
– Calada! – K.G. revidou com uma tapa. – Logo saberão quem sou. Beijos! – saiu.
...
– Bom, vamos hoje, depois da aula, seguir o professor Karl. – disse Rudolph.
– Mas ele trabalha até o fim da tarde. – Lucy falou em tom de dúvida.
– Não importa, o seguiremos no horário que ele sair.
– Hoje à tarde tem fase eliminatória de natação, acho que ele vai sair depois disso. – Bianca lembrou.
– Então a gente fica pra assistir e depois o seguimos.
...
Mais uma vez a Toronto School cedeu suas piscinas para uma fase eliminatória das olimpíadas. James e Toby, os representantes da casa passaram nesta fase, que parecia bem concorrida. Como todas as outras, eles sempre ficaram nas mesmas posições: James em primeiro lugar e Toby em segundo.
...
Como combinado, esperaram o evento terminar para seguir o diretor. Dessa vez chegaram um pouco mais longe, entraram na rua, mas estava ficando muito tarde, a rua já era escura de dia, então à noite poderia ser ainda mais perigoso, decidiram voltar.
No dia seguinte o professor Karl Gaulle foi apresentar-lhes, na sala de aula, o novo faxineiro da escola.
         – Bom dia pessoal! É rapidinho para não atrapalhar a aula. Vim apresentar a vocês o novo faxineiro da parte de ensino médio... Olha que coincidência, o nome dele é Khristian Groeff, K.G. como eu. Ele chegou aqui semana passada, mas só pude vim aqui hoje... – enquanto o diretor falava, Lucy, Bianca, Joseph e Rudolph se olhavam e James, lá do fundo, os observava. – Tchau, boa aula! – enquanto saiam da sala, Khristian olhou feio para Bianca, que o encarava.
...
“INICIADAS AS INSCRIÇÕES PARA O GRANDE ESPETÁCULO NO FIM DO ANO.
CONVOCAMOS TODOS OS ALUNOS DA TURMA DE TEATRO OU NÃO PARA O TESTE.
BOA SORTE A TODOS!”
Rudolph leu o cartaz de divulgação e foi logo se inscrever. Como ainda não tinham muitos inscritos, o teste dele foi feito no dia seguinte. O garoto, excelente ator, foi selecionado. Saindo do palco, viu a sombra de uma pessoa no fim do corredor, decidiu segui-la.
Quando Rudolph, correndo, chegou onde estava a tal sombra, não tinha mais ninguém, mas achou um lenço preto. “K.G.! Mas como conseguiu entrar aqui?”, pensou Rudolph, que em seguida encontrou um papelzinho jogado próximo ao lenço.
“Você deve estar se perguntado como entrei na escola, não é? Não foi tão difícil. Que tal mais um ataque?”
K.G.
...
À noite se encontraram no apartamento do pai de Bianca, Ben, que ainda não havia chegado. Rudolph mostrou o recado que recebera no teatro da escola.
– O que ainda me pergunto é: como ele conseguiu entrar na escola? E como sabia que eu iria fazer o teste para peça?
– Muito estranho! – Lucy disse – A não ser que ele seja um funcionário da escola.
– O diretor, só pode ser ele. – falou Bianca. – Ele conhece e sabe a vida de todos os alunos.
– Então fica óbvio que ele já sabia do teste do Rudolph. – afirmou Joseph.
– Se foi mesmo um funcionário da escola, já podemos descartar o senhor Kleber Gross, lá da sorveteria.
– Amanhã, temos que ir àquela rua, mas dessa vez vamos até o fim dela. – falou o jovem ator.
– Mas se o diretor aparecer por lá? – perguntou Lucy.
– Não sei o que poderá acontecer, mas ainda vamos.
– Nossa tá parecendo o James! – comentou a menina.
 – Mas não sou ele. – o menino não gostou do comentário.
Ben chegou e viu todos sentados em silêncio – fazendo nada:
– O que vocês têm? Calados assim... Estranho! Cadê o James?
– O James? Hm... Eh! – Bianca não soube responder, ou melhor, mentir.
– Ele não pode vim senhor, saiu com seus pais. – Mas Rudolph soube.
– Ok! Vou tomar um banho. Com licença. – Ben retirou-se.
– Valeu Rulph! Meu pai não sane que James e eu não estamos nos falando.
Mais tarde, Ben os convidou para jogar Banco Imobiliário – seu jogo preferido. Jogaram um pouco, pois estava ficando tarde e precisavam ir embora.
Quando estavam saindo do apartamento, Ben segurou o ombro de Rudolph e disse:
– Filho, se precisar de algo, me comunique. Sua mãe sempre me ajudou quando precisei, acho que devo retribuir.
– Obrigado, senhor!
Bianca os acompanhou até portaria. Lá Rudolph e Lucy estavam na porta de saída esperando Joseph, que conversava com sua namorada.
– Eu te amo tanto, sabia?
Anch’io, amore mio! Tu non sai la dimensione dell’amore che ho per te.
– Desculpa interromper, mas ta ficando tarde... – Lucy disse e todos riram, até o porteiro, que assistia a tudo.
...
No dia seguinte, Rudolph e Lucy foram a tal rua que o diretor Karl adorava visitar. E dessa vez conseguiram ver o que tinha no fim da rua: casinhas antigas que formavam um semicírculo.
– O que o Karl vem fazer aqui?
– Não sei, mas é bom a gente se esconder, tem alguém chegando. – alertou Rudolph e se esconderam num beco formado por duas casas. A pessoa que vinha no carro parecia estar com muita pressa, e rapidamente se aproximava até que Lucy conseguiu reconhecer o carro, era Karl Gaulle.
Apressadamente, o jovem diretor saiu do carro e entrou em umas das casinhas. Minutos depois apareceu com malas nas mãos e uma senhora já muito velhinha, ao seu lado. O homem guardou as malas no porta-malas e ajudou a senhora a entrar no seu carro. Entrou e acelerou.
– Essa é a nossa chance de entrar, vamos! – entraram na casa de onde saiu a velhinha.
– Tudo tão velho. – comentou Lucy.
– Não é que seja velho, é porque é tudo antigo. – Rudolph corrigiu.
 – É verdade! Antigo e conservado. – acrescentou.
Vasculhara, toda casa, mas não encontraram nada que esperavam. “Parece que o diretor é inocente.”, pensou Rudolph. Saíram rapidamente da casa, pegaram suas bicicletas e pedalaram. No caminho, ainda na rua, viram Karl voltando no seu carro ele os viu e os parou:
– O que fazem aqui?
– Estávamos só passeando.
– Mas aqui? Tão longe de suas casas! Estranho!
– E o senhor, o que faz por aqui! – Rudolph queria desviar a conversa.
– A casa da minha é aquela. – falou apontando. – Vim buscá-la para morar perto de mim, ninguém mais mora aqui e vim buscar o leque que ela esqueceu. – o homem explicou-se sorrindo. – tchau meninos.
...
À noite, Rudolph tinha ensaio e seus amigos queriam assisti-lo. Chegaram ao teatro e viram carros da polícia e da imprensa estacionados:
“Mais um seqüestro...”, falava o repórter. “... mas perece que dessa vez foi diferente, segundo os policiais, o criminoso pôs alguma substância sonífera na taça de vinho que vítima, professora de teatro, Sophia Ulrich, bebeu...”
         – Será que foi o K.G.? Tipo, nada de lenço, nem janela quebrada por aqui. – comentou Lucy.
– Vamos a minha casa, agora! – falou Rudolph em tom de ordem.
– Por quê?
– Tenho certeza que ele já passou por lá.
...
Como o garoto previra: K.G. deixou sim um recado na sua casa e não foi difícil encontrá-lo.
“Devem estar se perguntando se o seqüestro na sua escola foi feito por mim. Sim! Fui eu quem o fez. Diferente não é? Ela bebeu do que mais gosta e acabou adormecida. Vinho, a bebida do deus Dionísio.”
K.G.





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