Por N.K.Russell
Eu sou uma
pessoa muito crítica e não consigo falar pouco das coisas que eu gosto. Aqui
vocês verão muitas coisas que eu não gostei no livro e poucas que eu gostei,
não porque o livro é ruim, mas porque se eu escrevesse tudo que eu gostei o
texto teria muitos spoilers. Rick Riordan continua o mesmo gênio que se mostrou
com a série Percy Jackson e os Olimpianos. O Filho de Netuno mostra o quanto
ele está evoluindo como contador de histórias. Livro super recomendado.
5 estrelas
*****
Quando
comecei a ler a nova série de semideuses do Rick Riordan, Os Heróis do Olimpo, eu já imaginava que seria mais uma série
fantástica do autor, que tem criatividade de sobra. Não me decepcionei com o
primeiro livro, O Herói Perdido, na
verdade eu me surpreendi com o rumo que a história tomou e fiquei feliz por ele
ter incluído os antigos heróis também – Percy, Annabeth e Grover.
Em O Filho de Netuno temos Percy de
volta, na mesma situação em que se encontrava Jason em O Herói Perdido. Percy
está sem memória e fugindo das Górgonas. A única coisa que se lembra de sua
vida antiga é Annabeth. Depois de um encontro com Juno, a deusa Hera dos
romanos, ele é levado para o Acampamento Júpiter – o acampamento dos semideuses
romanos – que é totalmente diferente do Acampamento Meio-Sangue. Lá ele conhece
os outros dois protagonistas do livro, Hazel e Frank, com quem Percy dividirá
as aventuras e o ponto de vista da história.
Eu sempre
achei o Rick um excelente contador de histórias. Ele consegue pegar um mito
antigo e encaixá-lo na realidade de hoje de um modo que realmente parece que nós
mortais vemos tudo confundido pela Névoa. A história é fantástica, é claro, com
muitas reviravoltas, vilões, aventuras, batalhas, tudo sem perder o foco
principal que liga todos os livros. A junção dos semideuses romanos e gregos
promete muito atrito, Gaia me parece uma vilã ainda mais cruel do que seu filho
Cronos e nós temos aquela sensação de que dessa vez os deuses e semideuses
realmente precisam se reunir se quiserem derrota-la.
A única
coisa que eu acho que Rick está perdendo o foco é com os relacionamentos de
seus personagens. Enquanto ele ganha pontos por amadurecer nossos heróis já
conhecidos e por criar ótimas personalidades para os novos ele perde um pouco
ao não colocar muito atrito.
Em uma
situação de pré-guerra onde todos estão à flor da pele, eu esperava muitas
discussões para discutir qual o melhor plano de ação, não somente na preparação
para a missão, mas também durante a mesma. Eu achei tudo muito sincronizado. Depois
que os três saíram do acampamento não houve mais atritos e brigas entre eles.
Quando um pensava que aquele era o melhor plano todos concordavam e se
discordavam não discutiam. Eu senti falta de uma briga entre amigos – como era
com o Percy e a Thalia, Percy e Annabeth, etc – tanto em O Herói Perdido quanto
em O Filho de Netuno. Todos estão compreensivos demais.
Eu gostei
da volta do Percy, mas confesso que me decepcionei um pouco. Pra quem perdeu a
memória ele aceitava tudo muito bem, era altruísta o tempo todo, não se
apavorava no campo de batalha. Que eu me lembre, somente uma vez ele sentiu uma
pequena inveja do Frank, mas não passou de algumas páginas. Tudo bem que ele
amadureceu, mas nenhum adolescente de 16 anos com a memória recém perdida é tão
calmo assim. Mas apenas isso me irritou. Percy continua um excelente personagem,
brincalhão, irônico e, claro, mais apaixonado do que nunca pela Annabeth.
Hazel, a
menina, me agradou. Achei ela um personagem simpático e mais verossímil. Seu
passado é o mais tenebroso e confuso e eu gostei do fato de ela não ficar
martelando nisso o tempo todo. É a mais nova, mas é muito madura e lida bem com
as coisas.
Eu
realmente não gostei muito do Frank. Ele é extremamente inseguro, sem nenhuma autoestima,
reclamão. Achei ele exagerado demais nesse ponto porque a cada segundo do livro
ele está reclamando “eu não tenho talento algum”, “todo mundo é melhor que eu”.
Achei que ele demorou demais a superar isso. Entretanto, a história do seu
passado é muito bem montada e uma das mais legais.
Na minha
opinião, os personagens com mais personalidade foram os que menos apareceram.
Ponto pro Rick por ter colocado Nico Di Angelo super amadurecido e fingindo não
conhecer Percy para não interferir nos planos de Hera/Juno. Acho que ele terá
mais espaço no próximo livro por causa de um acontecimento que não vou contar
para não fazer spoiler.
Reyna, a
pretora – líder do acampamento – foi a minha preferida, embora muitos
leitores a tenham detestado. Ela me lembrou muito a Annabeth com aquele jeito
mandão, rígido e “te corto a cabeça se me irritar”. Mas o que realmente me fez
gostar dela foi que diante dos campistas ela tinha que fazer a imagem de “tudo
está sobre controle”, mas quando ela chama Percy para conversar sobre a missão
ele aponta o fato de ela estar apavorada, mesmo que não demonstre. Ela tem sua
fraqueza e não consegue fazer tudo sozinha. Eu adorei isso e acho que ela
merecia um espaço maior. Sinceramente eu espero vê-la mais vezes no próximo
livro.
Octavian –
extremamente parecido com o Luke do mal e com Draco Malfoy – também ganhou
minha simpatia. Ele consegue prever o futuro lendo os augúrios. Apesar de ele ser
“do mal” eu gostei de ver um personagem manipulador. Todo o momento que ele
aparece ele está tentando se tornar o segundo pretor, manipulando e
chantageando as pessoas e colocando palavras na boca de Reyna. Espero que ele
ainda cause muita confusão.
E Ella,
uma harpia tagarela que se fez seu ninho no teto de uma biblioteca e tem uma
excelente memória fazendo dela uma enciclopédia ambulante. É impossível não
gostar dela, ela é um amor.
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