quinta-feira, 24 de maio de 2012

[Resenha] O Filho de Netuno - Rick Riordan

Por N.K.Russell

Eu sou uma pessoa muito crítica e não consigo falar pouco das coisas que eu gosto. Aqui vocês verão muitas coisas que eu não gostei no livro e poucas que eu gostei, não porque o livro é ruim, mas porque se eu escrevesse tudo que eu gostei o texto teria muitos spoilers. Rick Riordan continua o mesmo gênio que se mostrou com a série Percy Jackson e os Olimpianos. O Filho de Netuno mostra o quanto ele está evoluindo como contador de histórias. Livro super recomendado. 

5 estrelas
*****

Quando comecei a ler a nova série de semideuses do Rick Riordan, Os Heróis do Olimpo, eu já imaginava que seria mais uma série fantástica do autor, que tem criatividade de sobra. Não me decepcionei com o primeiro livro, O Herói Perdido, na verdade eu me surpreendi com o rumo que a história tomou e fiquei feliz por ele ter incluído os antigos heróis também – Percy, Annabeth e Grover.


Em O Filho de Netuno temos Percy de volta, na mesma situação em que se encontrava Jason em O Herói Perdido. Percy está sem memória e fugindo das Górgonas. A única coisa que se lembra de sua vida antiga é Annabeth. Depois de um encontro com Juno, a deusa Hera dos romanos, ele é levado para o Acampamento Júpiter – o acampamento dos semideuses romanos – que é totalmente diferente do Acampamento Meio-Sangue. Lá ele conhece os outros dois protagonistas do livro, Hazel e Frank, com quem Percy dividirá as aventuras e o ponto de vista da história.

Eu sempre achei o Rick um excelente contador de histórias. Ele consegue pegar um mito antigo e encaixá-lo na realidade de hoje de um modo que realmente parece que nós mortais vemos tudo confundido pela Névoa. A história é fantástica, é claro, com muitas reviravoltas, vilões, aventuras, batalhas, tudo sem perder o foco principal que liga todos os livros. A junção dos semideuses romanos e gregos promete muito atrito, Gaia me parece uma vilã ainda mais cruel do que seu filho Cronos e nós temos aquela sensação de que dessa vez os deuses e semideuses realmente precisam se reunir se quiserem derrota-la.

A única coisa que eu acho que Rick está perdendo o foco é com os relacionamentos de seus personagens. Enquanto ele ganha pontos por amadurecer nossos heróis já conhecidos e por criar ótimas personalidades para os novos ele perde um pouco ao não colocar muito atrito.
Em uma situação de pré-guerra onde todos estão à flor da pele, eu esperava muitas discussões para discutir qual o melhor plano de ação, não somente na preparação para a missão, mas também durante a mesma. Eu achei tudo muito sincronizado. Depois que os três saíram do acampamento não houve mais atritos e brigas entre eles. Quando um pensava que aquele era o melhor plano todos concordavam e se discordavam não discutiam. Eu senti falta de uma briga entre amigos – como era com o Percy e a Thalia, Percy e Annabeth, etc – tanto em O Herói Perdido quanto em O Filho de Netuno. Todos estão compreensivos demais.

Eu gostei da volta do Percy, mas confesso que me decepcionei um pouco. Pra quem perdeu a memória ele aceitava tudo muito bem, era altruísta o tempo todo, não se apavorava no campo de batalha. Que eu me lembre, somente uma vez ele sentiu uma pequena inveja do Frank, mas não passou de algumas páginas. Tudo bem que ele amadureceu, mas nenhum adolescente de 16 anos com a memória recém perdida é tão calmo assim. Mas apenas isso me irritou. Percy continua um excelente personagem, brincalhão, irônico e, claro, mais apaixonado do que nunca pela Annabeth.

Hazel, a menina, me agradou. Achei ela um personagem simpático e mais verossímil. Seu passado é o mais tenebroso e confuso e eu gostei do fato de ela não ficar martelando nisso o tempo todo. É a mais nova, mas é muito madura e lida bem com as coisas.

Eu realmente não gostei muito do Frank. Ele é extremamente inseguro, sem nenhuma autoestima, reclamão. Achei ele exagerado demais nesse ponto porque a cada segundo do livro ele está reclamando “eu não tenho talento algum”, “todo mundo é melhor que eu”. Achei que ele demorou demais a superar isso. Entretanto, a história do seu passado é muito bem montada e uma das mais legais.

Na minha opinião, os personagens com mais personalidade foram os que menos apareceram. Ponto pro Rick por ter colocado Nico Di Angelo super amadurecido e fingindo não conhecer Percy para não interferir nos planos de Hera/Juno. Acho que ele terá mais espaço no próximo livro por causa de um acontecimento que não vou contar para não fazer spoiler.  

Reyna, a pretora – líder do acampamento – foi a minha preferida, embora muitos leitores a tenham detestado. Ela me lembrou muito a Annabeth com aquele jeito mandão, rígido e “te corto a cabeça se me irritar”. Mas o que realmente me fez gostar dela foi que diante dos campistas ela tinha que fazer a imagem de “tudo está sobre controle”, mas quando ela chama Percy para conversar sobre a missão ele aponta o fato de ela estar apavorada, mesmo que não demonstre. Ela tem sua fraqueza e não consegue fazer tudo sozinha. Eu adorei isso e acho que ela merecia um espaço maior. Sinceramente eu espero vê-la mais vezes no próximo livro.

Octavian – extremamente parecido com o Luke do mal e com Draco Malfoy – também ganhou minha simpatia. Ele consegue prever o futuro lendo os augúrios. Apesar de ele ser “do mal” eu gostei de ver um personagem manipulador. Todo o momento que ele aparece ele está tentando se tornar o segundo pretor, manipulando e chantageando as pessoas e colocando palavras na boca de Reyna. Espero que ele ainda cause muita confusão.

E Ella, uma harpia tagarela que se fez seu ninho no teto de uma biblioteca e tem uma excelente memória fazendo dela uma enciclopédia ambulante. É impossível não gostar dela, ela é um amor.

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