Autor: Rocco Contestti
Índice
"Só erra quem produz. Mas, só produz
quem não tem medo de errar."
(Autor desconhecido)
(Autor desconhecido)
I
K.G.
mais uma vez faz uso de seus recados divididos. E para demorarem mais as investigações,
tinha uma parte com James. O problema era que James nem falava mais com os
outros, a única maneira era indo até ele, e Rudolph o fez:
–
James, nós queríamos, ou melhor, queremos sua parte do recado de K.G. – Rudolph
disse. – Já que você não que mais nos ajudar. – James tinha a resposta na posta
da língua, mas preferiu só entregar.
– Tá aqui! – tirou do bolso da sua calça e
entregou e Rudolph saiu.
“Quero sua resposta hoje, vá à praça à
noite. Não me procure, eu vou te encontrar.”
K.G.
Enquanto
James lia o que lhe interessava, os outros juntaram os recados e leram:
“Vão à ponte que dá para o outro lado da
cidade. Vocês saberão o que fazer.”
K.G.
Ambos
esperaram anoitecer. James foi à praça, encostou sua bicicleta no banco que
sentou e aguardou K.G., que não demorou muito. O homem estava de máscara.
Sentou-se e perguntou:
–
Sim ou não?
James
demorou, tinha medo de responder, mas pensou bem no que estava fazendo e no que
poderia acontecer.
–
Sim! - o menino respondeu convicto de
que era a melhor escolha.
–
Agora preciso ir. Tenho coisas a fazer. – K.G. saiu.
James
continuou sentado ali por alguns minutos, quando avistou Lucy e seus amigos
passando nas suas bicicletas, indo em direção da ponte indicada por K.G.. O
menino lembrou o que tinha no outro recado e decidiu segui-los sem que o
percebam.
...
Os
quatro chegaram ao início da tal ponte e facilmente viram um lenço preto,
lógico que era coisa de K.G.
“Avisei que os ataques continuariam e falei
que Jack Vogt havia roubado algo meu e neste mesmo momento estou tomando-o de
volta.”
K.G.
Ficaram
pensando e tentado decifrar o que queria dizer aquilo que leram.
–
Minha mãe! – Rudolph falou deixando cair uma lágrima.
–
O quê? – Lucy e Bianca não entenderam o que escutaram.
–
Vamos rápido! Ele vai atacar minha mãe. – o garoto pegou sua bicicleta e
pedalou apressadamente. Os seus amigos se olharam e o seguiram, enquanto James
estava escondido e ouvindo tudo. Resolveu segui-los novamente.
...
Quando
chegaram à casa de Susan era tarde demais, K.G. já havia passado por ali. Um
dos vizinhos escutou um barulho de vidro quebrando e resolveu chamar a polícia,
que não deixava ninguém entrar.
Nos
olhos de Rudolph estavam molhados, mas neles só se via raiva. Para ele não
existia nada a sua frente, correu desesperado e apressadamente na direção da
porta da sua casa, enquanto um policial gritava:
–
Ei garoto, não entrar ai.
–
É claro que pode, ele é o filho da vítima! – disse Lucy pisando o pé do homem
que havia gritado. – Vamos entrar também! – A garota deu a idéia e correram
para dentro da casa.
Próximo
dali, estava James assistindo a tudo e percebendo no que estava se metendo
ajudando K.G.
Quando
encontraram Rudolph, o garoto estava no chão do quarto de sua mãe, chorando,
agarrando uma fotografia de sua família e apontando para janela que estava
quebrada, sinal de que realmente K.G. passara por ali.
...
Naquela
mesma noite Rudolph estava derrotado. Aquela angústia que surgiu depois da
morte de seu pai estava indo embora, mas agora só fazia aumentar. Lucy achou
melhor convidá-lo para dormir na sua casa, Ivo o acolheu como se fosse seu
filho.
II
Sábado.
Joseph saíra com Ivo e Rudolph estava naquela árvore, sentado e encostando,
olhando sua casa, mas não chorava, na verdade estava com mais raiva e mais
determinado a pegar K.G. e pô-lo no xadrez. Lucy o observava, mas preferiu
deixá-lo só, precisava controlar-se.
...
Joseph
já estava em casa quando Bianca chegou para passar o dia com os amigos. Queriam
mesmo era conversar sobre K.G., mas perceberam que não era o lugar ideal, pois
Ivo poderia ouvir tudo, decidiram fazer uma visitinha a Getulius – Kennedy.
...
–
Acho que entendi quando K.G. diz que meu pai roubou algo dele, ele se referia a
minha mãe. Então ele gostou ou gosta dela. – tentou explicar Rudolph.
–
E quanto a minha mãe e a professora Lisa? – Bianca o questionou.
–
Boa pergunta! – Rudolph fez cara de dúvida.
–
Vai ver ele gostou de todas essas mulheres seqüestradas – disse Getulius. – Mas
é bem estranho não acham?
–
É estranho, mas é possível.
–
Mas por que ele matou meu pai? – Rudolph perguntou e todos ficaram em silêncio
naquela gigantesca sala.
Depois
de certo tempo em silêncio, Getulius indicou o que deveriam fazer:
–
Enfim! Vocês precisam seguir o professor Karl novamente e saber por que ele
anda numa rua tão estranha. E entrem na casa de Rudolph, como na de Bianca, lá
deve ter alguma pista deixada por K.G.
...
–
Olá meus amores! O que acharam da nova companhia? – K.G. perguntou a Lisa e
Bety referindo-se a Susan.
–
Covarde, mostre seu rosto! – Susan falou cuspindo-o.
–
Calada! – K.G. revidou com uma tapa. – Logo saberão quem sou. Beijos! – saiu.
...
–
Bom, vamos hoje, depois da aula, seguir o professor Karl. – disse Rudolph.
–
Mas ele trabalha até o fim da tarde. – Lucy falou em tom de dúvida.
–
Não importa, o seguiremos no horário que ele sair.
–
Hoje à tarde tem fase eliminatória de natação, acho que ele vai sair depois
disso. – Bianca lembrou.
–
Então a gente fica pra assistir e depois o seguimos.
...
Mais
uma vez a Toronto School cedeu suas piscinas para uma fase eliminatória das
olimpíadas. James e Toby, os representantes da casa passaram nesta fase, que
parecia bem concorrida. Como todas as outras, eles sempre ficaram nas mesmas
posições: James em primeiro lugar e Toby em segundo.
...
Como
combinado, esperaram o evento terminar para seguir o diretor. Dessa vez
chegaram um pouco mais longe, entraram na rua, mas estava ficando muito tarde,
a rua já era escura de dia, então à noite poderia ser ainda mais perigoso,
decidiram voltar.
No
dia seguinte o professor Karl Gaulle foi apresentar-lhes, na sala de aula, o
novo faxineiro da escola.
–
Bom dia pessoal! É rapidinho para não atrapalhar a aula. Vim apresentar a vocês
o novo faxineiro da parte de ensino médio... Olha que coincidência, o nome dele
é Khristian Groeff, K.G. como eu. Ele chegou aqui semana passada, mas só pude
vim aqui hoje... – enquanto o diretor falava, Lucy, Bianca, Joseph e Rudolph se
olhavam e James, lá do fundo, os observava. – Tchau, boa aula! – enquanto saiam
da sala, Khristian olhou feio para Bianca, que o encarava.
...
“INICIADAS
AS INSCRIÇÕES PARA O GRANDE ESPETÁCULO NO FIM DO ANO.
CONVOCAMOS
TODOS OS ALUNOS DA TURMA DE TEATRO OU NÃO PARA O TESTE.
BOA
SORTE A TODOS!”
Rudolph
leu o cartaz de divulgação e foi logo se inscrever. Como ainda não tinham
muitos inscritos, o teste dele foi feito no dia seguinte. O garoto, excelente
ator, foi selecionado. Saindo do palco, viu a sombra de uma pessoa no fim do
corredor, decidiu segui-la.
Quando
Rudolph, correndo, chegou onde estava a tal sombra, não tinha mais ninguém, mas
achou um lenço preto. “K.G.! Mas como conseguiu entrar aqui?”, pensou Rudolph,
que em seguida encontrou um papelzinho jogado próximo ao lenço.
“Você deve estar se perguntado como entrei
na escola, não é? Não foi tão difícil. Que tal mais um ataque?”
K.G.
...
À
noite se encontraram no apartamento do pai de Bianca, Ben, que ainda não havia
chegado. Rudolph mostrou o recado que recebera no teatro da escola.
–
O que ainda me pergunto é: como ele conseguiu entrar na escola? E como sabia
que eu iria fazer o teste para peça?
–
Muito estranho! – Lucy disse – A não ser que ele seja um funcionário da escola.
–
O diretor, só pode ser ele. – falou Bianca. – Ele conhece e sabe a vida de
todos os alunos.
–
Então fica óbvio que ele já sabia do teste do Rudolph. – afirmou Joseph.
–
Se foi mesmo um funcionário da escola, já podemos descartar o senhor Kleber
Gross, lá da sorveteria.
–
Amanhã, temos que ir àquela rua, mas dessa vez vamos até o fim dela. – falou o
jovem ator.
–
Mas se o diretor aparecer por lá? – perguntou Lucy.
–
Não sei o que poderá acontecer, mas ainda vamos.
–
Nossa tá parecendo o James! – comentou a menina.
– Mas não sou ele. – o menino não gostou do
comentário.
Ben
chegou e viu todos sentados em silêncio – fazendo nada:
–
O que vocês têm? Calados assim... Estranho! Cadê o James?
–
O James? Hm... Eh! – Bianca não soube responder, ou melhor, mentir.
–
Ele não pode vim senhor, saiu com seus pais. – Mas Rudolph soube.
–
Ok! Vou tomar um banho. Com licença. – Ben retirou-se.
–
Valeu Rulph! Meu pai não sane que James e eu não estamos nos falando.
Mais
tarde, Ben os convidou para jogar Banco Imobiliário – seu jogo preferido.
Jogaram um pouco, pois estava ficando tarde e precisavam ir embora.
Quando
estavam saindo do apartamento, Ben segurou o ombro de Rudolph e disse:
–
Filho, se precisar de algo, me comunique. Sua mãe sempre me ajudou quando
precisei, acho que devo retribuir.
–
Obrigado, senhor!
Bianca
os acompanhou até portaria. Lá Rudolph e Lucy estavam na porta de saída
esperando Joseph, que conversava com sua namorada.
–
Eu te amo tanto, sabia?
–
Anch’io, amore mio! Tu non sai la
dimensione dell’amore che ho per te.
– Desculpa interromper, mas ta ficando tarde...
– Lucy disse e todos riram, até o porteiro, que assistia a tudo.
...
No
dia seguinte, Rudolph e Lucy foram a tal rua que o diretor Karl adorava visitar.
E dessa vez conseguiram ver o que tinha no fim da rua: casinhas antigas que
formavam um semicírculo.
–
O que o Karl vem fazer aqui?
–
Não sei, mas é bom a gente se esconder, tem alguém chegando. – alertou Rudolph
e se esconderam num beco formado por duas casas. A pessoa que vinha no carro
parecia estar com muita pressa, e rapidamente se aproximava até que Lucy
conseguiu reconhecer o carro, era Karl Gaulle.
Apressadamente,
o jovem diretor saiu do carro e entrou em umas das casinhas. Minutos depois apareceu
com malas nas mãos e uma senhora já muito velhinha, ao seu lado. O homem
guardou as malas no porta-malas e ajudou a senhora a entrar no seu carro.
Entrou e acelerou.
–
Essa é a nossa chance de entrar, vamos! – entraram na casa de onde saiu a
velhinha.
–
Tudo tão velho. – comentou Lucy.
–
Não é que seja velho, é porque é tudo antigo. – Rudolph corrigiu.
– É verdade! Antigo e conservado. –
acrescentou.
Vasculhara,
toda casa, mas não encontraram nada que esperavam. “Parece que o diretor é
inocente.”, pensou Rudolph. Saíram rapidamente da casa, pegaram suas bicicletas
e pedalaram. No caminho, ainda na rua, viram Karl voltando no seu carro ele os
viu e os parou:
–
O que fazem aqui?
–
Estávamos só passeando.
–
Mas aqui? Tão longe de suas casas! Estranho!
–
E o senhor, o que faz por aqui! – Rudolph queria desviar a conversa.
–
A casa da minha é aquela. – falou apontando. – Vim buscá-la para morar perto de
mim, ninguém mais mora aqui e vim buscar o leque que ela esqueceu. – o homem
explicou-se sorrindo. – tchau meninos.
...
À
noite, Rudolph tinha ensaio e seus amigos queriam assisti-lo. Chegaram ao
teatro e viram carros da polícia e da imprensa estacionados:
“Mais um seqüestro...”,
falava o repórter. “... mas perece que
dessa vez foi diferente, segundo os policiais, o criminoso pôs alguma
substância sonífera na taça de vinho que vítima, professora de teatro, Sophia
Ulrich, bebeu...”
–
Será que foi o K.G.? Tipo, nada de lenço, nem janela quebrada por aqui. –
comentou Lucy.
–
Vamos a minha casa, agora! – falou Rudolph em tom de ordem.
–
Por quê?
–
Tenho certeza que ele já passou por lá.
...
Como
o garoto previra: K.G. deixou sim um recado na sua casa e não foi difícil
encontrá-lo.
“Devem estar se perguntando se o seqüestro
na sua escola foi feito por mim. Sim! Fui eu quem o fez. Diferente não é? Ela
bebeu do que mais gosta e acabou adormecida. Vinho, a bebida do deus Dionísio.”
K.G.
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