quarta-feira, 13 de junho de 2012

Crônica I


Título: Crônica I
Autor: Giovanna Magda [Facebook]
Gênero: Drama
Classificação: G, 10 anos
Sinopse: "Talvez as pessoas nunca estivessem lá..."
Observação: Giovanna é uma amiga minha e uma grande escritora. Já a convidei para participar da equipe do blog, mas digamos que ela ainda está decidindo isso. Pediu, então, para que eu, Rocco, postasse alguns escritos dela, e claro, o faço com todo o prazer. Ela me mandou os contos sem título, então, já que não sou o autor, também não os criei. 





Olho em volta. Nos carros não ocupam figuras familiares, nem as lojas estão sendo vigiadas pelos donos, ou até os bancos estão sem proteção. Ninguém e nada preenchem as paisagens matutinas. Só eu e o vazio. Pergunto-me se estou sonhando, mas a repentina chuva certificou-me do contrário. Será hipnose? “Você acordará na cidade em que mora completamente vazia. As propriedades alheias e públicas foram invadidas, e seus donos banidos do simples dom de existir.” Rio, ao imaginar a reação da platéia. Mas não, isso não seria provável.
Mais três passos, e deparo-me com uma máquina de biscoitos. Quebro o vidro, e retiro um pacote. Vizinho à loja de guloseimas, um rádio me encara, intacto. Ouso ligá-lo. Nas estações nenhuma voz, apenas música. Bem humorado, danço até a beira da praia. Aí a melodia cessa, e o chiado se manifesta. De um lado só areia, de outro mar, mas ninguém. O que de início era confortante, tornou-se agonizante. Tanta coisa para conversar, tanto sentimento para extravasar... E ninguém para prestar o ouvido, o ombro. Deparo-me com uma onda, com outra... Parece tudo tão pacífico, e tão irreal. O canto dos pássaros, a dança dos ventos. A chuva – que parava aos poucos... Então o Sol se pôs, a Lua marcou presença, e ninguém para compartilhar aquilo. Apertava no meu coração a dor, levando-me a dormir.
Jurei contar até cinco, e ser acordado num estrondo.
– Está maluco? Porque acha que pode decidir fugir do nada, roubar comida e ir à praia, viajando no mundo da maionese?
É. Talvez as pessoas nunca estivessem lá, no meu ponto de vista.
 

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